segunda-feira, 2 de março de 2015

Inocência, por Hector Campanha

Um barulho ensurdecedor ecoou por toda a casa. Estava escuro, exceto pela luz da sala, de onde veio o estrondo. Fui seguindo para lá, sem saber o que aconteceu.
Teddy, meu ursinho amarrado em meus braços, e o sono que ali perdera, voltando a cada passo que dava. No fim do corredor, tinta vermelha escorria pelo chão. Um vermelho viscoso, forte e escuro, com um cheiro engraçado. Papai segurava um objeto brilhante nas mãos, que produzia o som ensurdecedor enquanto o mesmo lançava sobre mamãe ,pequenos fragmentos metálicos imperceptíveis de tão rápidos. Brilhantes como fogos de artificio, talvez ele estivesse apenas tentando deixar mamãe um pouco mais enfeitada como uma jóia. Mamãe, deitada no chão, parecia dormir ,porém nunca vi ninguém dormindo com seus olhos bem abertos. Seu rosto sem expressão, olhando para o nada, sem dizer uma palavra. Estranho ela querer se deitar no frio da madeira naquela noite. Percebi então que o vermelho espalhado pelo chão vinha de pequenas bolinhas vermelhas que papai fez em seu peito. Acho que ele não gostou do que fez já que estava com uma cara de raiva, suor escorria pelo seu rosto e lágrimas desciam por seus olhos. Ele também não deve ter gostado de me ver ali, não gostava que eu fosse dormir tão tarde. Ele abaixou o objeto brilhante de sua mão, que antes estava apontado para mamãe e caminhou até mim. - O que houve com a mamãe? - perguntei, esperando saber do por que que ela estava no chão. - A mamãe só está cansada - disse ele sorrindo e acariciando meus curtos cabelos. - E você também deveria estar. Venha, está tarde, o papai vai te colocar para dormir. Ele se levantou e ofereceu sua mão a mim e eu a aceitei. E assim ele foi me conduzindo pelo corredor até meu quarto. Nas janelas, luzes azuis e vermelhas piscavam sem parar acompanhadas de um som estridente e forte. -Papai, o que está acontecendo la fora? - perguntei sem entender o por que de tudo aquilo. - Não é nada filho, são apenas os seres mágicos dos contos de fada. - respondeu ele me deitando na cama com seus olhos molhados e vermelhos. - Agora feche os olhos que está na hora de dormir. - ele beijou minha testa, meus olhos ainda em prontidão por causa de toda a confusão. - Boa noite filho, vejo você em breve - sua voz trêmula, acompanhada por seu choro. Então ele apontou o objeto brilhante para minha cabeça e o barulho ensurdecedor me fez dormir novamente.


-Hector Campanha

Um comentário:

  1. To chorosa.. To jogada.. O pai desse guri vei, nossa mto fedamae...ossa vei

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